04 Mar

LIPOR e BioShoes4All promove estudo sobre o “Comportamento do Consumidor - Calçado”

Cada um sabe onde o sapato lhe aperta…

Ainda que estejamos no final da cadeia de valor (resíduos), é importante atender ao comportamento dos consumidores. Este tipo de informação permite-nos melhorar as tomadas de decisão e encontrar soluções que promovam a prevenção, a minimização de produção de resíduos, a definição de uma recolha seletiva e de valorização desses materiais, que na nossa ótica, são recursos! Acreditamos que é desta forma que surgem ideias para uma Economia Mais Circular, Mais Sustentável!

O calçado destina-se essencialmente a proteger os nossos pés do contacto direto com o chão, embora também possa constituir uma forma de distinção social, de moda ou de estilo. Para que possa cumprir estas funções, trata-se de um produto complexo e normalmente composto por múltiplos materiais em pequenas porções, que vão desde o plástico, a borracha, os têxteis, o couro, os metais, a madeira, o cartão, entre outros. Esta complexidade, traduz-se num produto difícil de desmantelar/reciclar no final do seu ciclo de vida. Por outro lado, é um bem considerado de primeira necessidade e relativamente durável, o que significa que poderá ter um elevado potencial de reutilização.

Posto isto, a LIPOR tomou a decisão de efetuar um estudo de perceção dos hábitos do consumidor de calçado, que permitisse avaliar comportamentos como rotatividade, acumulação, destinos para calçado usado, peso da reutilização e reparação, entre outras dinâmicas relevantes como os fatores que influenciam as decisões de compra, a consciencialização ambiental. Assim, foi desenvolvido um questionário por empresa especializada em inquéritos ao consumidor, estruturada em 3 partes por forma a avaliar o comportamento de compra, utilização e descarte do calçado, nas seguintes dimensões: género, faixa etária, escolaridade, faixa salarial e localização geográfica.
Como universo foram definidos cidadãos residentes em Portugal continental com idade superior a 18 anos, tendo sido selecionado o método de contacto através de amostragem aleatória a partir da base de dados da empresa especializada, de acordo com regras e critérios pré-definidos. Como técnica de recolha, realizou-se um levantamento online através de um link web para utilizadores registados nessa base de dados.

Com 393 respondentes, o questionário permitiu ter uma visão mais adequada dos principais hábitos da população portuguesa em relação ao calçado, tais como as quantidades compradas, em uso, e descartadas, a predisposição para utilizar calçado em 2ª mão e os métodos de descarte mais frequentes.

Foi possível constatar que, tipicamente, os consumidores adquirem 2 pares de calçado por ano, com um preço médio de 41 a 60€, influenciado pela faixa salarial em que se encontram. Aquando da compra de calçado, o conforto é o fator que mais influencia a decisão, e a produção nacional a característica que deixa os consumidores mais predispostos a pagarem mais. Por seu turno, a sustentabilidade e o ecodesign do calçado são os fatores menos decisivos no momento da compra.

Já durante a fase de utilização, os consumidores têm usualmente entre 6 a 10 pares de calçado no seu armário, que duram tipicamente, entre 1 a 3 anos, e que não são utilizados há, pelo menos um ano, mas tem intenções de os voltar a usar. A título de curiosidade, o género feminino tem mais de 11 pares de calçado armazenadas no seu armário (54%) do que o género masculino (20%), enquanto este releva maior expressividade em possuir apenas entre 1 a 5 pares. Contudo, em termos de tempo médio de vida útil, utilizar o calçado por mais de 6 anos foi a opção mais selecionada pelo género feminino (19%). Apenas 8% do que o género masculino mencionou este espaço temporal de utilização.

De uma forma geral, os consumidores não estão dispostos a utilizar calçado em segunda mão e apontam como principal razão questões de higiene e saúde ou de ajuste e deformação do calçado.

Ao nível do desgaste e reparação do calçado, é possível concluir que a sola é a parte que mais se deteriora, seguida da palmilha e forro interno do caçado. Foi também possível concluir que a maioria dos consumidores tem como hábito reparar o calçado para prolongar o seu tempo de vida útil, mas quem não o faz, aponta a falta de vantagem económica face ao valor do calçado como principal razão. Os consumidores com mais de 50 anos reparam mais frequentemente o calçado que os consumidores mais novos (faixa 18-34 anos), sendo para estes mais raro recorrer à reparação. Ainda, o género feminino expressa maior frequência em reparar o seu calçado (57% versus 40%); já o género masculino é o que mais indica não ter hábitos de reparação (14% versus 6%).

Como tendências de descarte, os consumidores afirmam descartar 1 par de calçado por ano, sem um padrão típico ao longo do ano, apenas quando sentem necessidade por este se encontrar roto/rasgado ou inutilizável. Os métodos de descarte mais utilizados são os contentores de lixo comum (para calçado em mau estado) e a colocação nos roupões ou a doação, tanto a familiares/amigos, como a instituições de cariz social (para calçado em bom estado). A faixa etária tem influência sobre o método de descarte de calçado em bom estado, com as faixas de mais de 45 anos a representarem a maior percentagem a depositar em contentor de lixo comum, e o grupo dos 18-34 anos com mais tendência para vender em plataformas online. O principal fator que desencoraja os consumidores para descartarem o calçado diretamente numa vertente de doação é por considerarem que este já não tem condições para ser reutilizado.

O tratamento e análise destes e outros dados obtidos através do questionário irão suportar a construção de um estudo de um modelo de gestão para calçado e resíduos de calçado pós-consumo, que se encontra inserido no Projeto Bioshoes4All – Projeto financiado pelo Fundo Ambiental no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), na sua componente 12 –Bioeconomia Sustentável, Fileira do Calçado.

Para mais informações sobre o projeto, visite a página do BioShoes4All e a página da LIPOR

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